29 de setembro de 2011

Peñarol comemora 120 anos de história


Grande festa na noite de quarta-feira (28) marcou a comemoração do 120º aniversário do clube
O Club Atlético Peñarol comemorou seu 120º aniversário na última quarta-feira (28), relembrando seus títulos, suas equipes, suas glórias, enfim, sua linda história. Pela comemoração da tão importante data, inúmeros eventos foram realizados em Montevideo, como jogos entre ex-jogadores e torcedores, bandeirões, shows, todo o possível para pintar a capital uruguaya de amarelo e preto.
Torcida carbonera se fez presente nos festejos
Sabendo da importância do clube para o futebol uruguayo, sul-americano e mundial, hoje o Futebol de Uruguay oferece aos amantes do futebol charrua e torcedores carboneros, um pouco da história do Peñarol. Nas linhas abaixo você irá conhecer a história de um dos maiores libertadores da América e (talvez) entender porque a torcida do Peñarol é tão apaixonada por este clube de 120 anos.

Fundação
A história mirasol começou um ano antes da fundação do clube, no remoto ano de 1890, quando a empresa inglesa Central Uruguay Railway Company (Central do Uruguay de Caminho de Ferro), decidiu erguer as suas novas instalações em 17 hectares de terra de uma povoação dos arredores de Montevideo, onde muito tempo atrás se instalara um agricultor italiano de nome Pedro Pignarolo (lê-se pinharolo) e com o tempo, o nome foi sendo moldado pelos locais, dando origem ao chamado Pueblo de Peñarol. Em 1891, Mister Roland Moor, presidente da companhia, decidiu criar uma instituição desportiva, destinada à prática do futebol, a que deu o nome de Central Uruguay Railway Cricket Club, o CURCC, sendo suas cores o preto e amarelo da empresa de ferro carril. Então, no dia 28 de setembro de 1891, 15 desportistas se juntaram nas oficinas da empresa e fundaram o clube.
A primeira partida do CURRC ocorreu em 1892 contra a equipe do colégio English High, com vitória por 2 a 0. Neste mesmo ano o novo clube enfrentou aquele que seria durante anos o seu grande rival do futebol uruguayo: a equipe do Albion Football Club. O primeiro título uruguayo veio em 1900, ano em que foi fundada a The Uruguay Association Football League, que mais tarde seria a Associacion Uruguaya de Fútbol. Após a fundação da associação foi disputado o primeiro campeonato uruguayo com os membros fundadores, tendo como campeão invicto o CURRC (seis jogos, 36 gols a favor e dois gols contra). Cabe lembrar que a AUF considera oficiais apenas os títulos uruguayos conquistados na “era profissional”, iniciada em 1932.
Em 13 de dezembro de 1913 iniciou-se um processo que mudaria a historia do clube. Desde que foi fundado, existiram dois tipos de sócios - aqueles trabalhadores e dependentes da empresa de ferrocarril, que podiam votar e ser votados para os cargos políticos dentro do clube, e aqueles sócios não trabalhadores que não tinham voz nem voto. Por não terem direitos políticos, os sócios não trabalhadores da empresa passaram a lutar pelos seus direitos e então várias reuniões foram realizadas entre os dirigentes, que culminariam em diversas mudanças, entre elas a não distinção dos sócios e a mudança do nome do clube, com o intuito de desvincular o clube da empresa e deixar clara a gênese uruguaya da instituição futebolística. O nome escolhido foi o da povoação onde nascera o clube, então em 12 de março de 1914, o CURRC passou a se chamar Club Atlético Peñarol.

A rivalidade com o Nacional
É praticamente impossível lembrar do Peñarol e não lembrar da sua rivalidade histórica extrema com Club Nacional de Fútbol. Isto ocorre porque a rivalidade entre bolsos e carboneros é uma das mais velhas existentes no futebol sul-americano, tendo iniciado em 15 de julho de 1900, quando as equipes se enfrentaram pela primeira vez, com vitória do Peñarol por 2 a 0.
A história desta longínqua rivalidade tem capítulos que a tornaram esta loucura da atualidade, onde os torcedores das equipes nutrem um ódio mútuo, que inclusive já teve casos tristes, com mortes e brigas entre hinchadas. Um dos destaques deste clássico é o equilíbrio entre as equipes durante as partidas, porém, um dos fatores que fez esta rivalidade explodir foi a maior goleada do clássico, aplicada pelo Peñarol em 1911, na vitória de 7 a 3, na casa do Nacional. Outro fato que aumentou o ódio entre os clubes ocorreu em 1922, quando a AUF decide desfiliar o Peñarol da entidade, numa tramóia política até hoje inexplicada, mas que para os carboneros teve o Nacional como maior responsável, pois o Peñarol era o maior campeão dos torneios organizados pela AUF, desagradando os bolsilludos.

Grandes equipes, grandes jogadores, grandes conquistas
As lembranças de grandes times formados pelo clube se iniciam em 1918, com uma equipe que alinhava valores do futebol da época. O quadro titular era formado por Roberto Chery; José Benincasa e Pedro Rimolo (Alfredo Granja); Juan Pacheco, Juan Delgado e J.Delacroix; José Perez, Armando Artigas, José Piendibene, Isabelino Gradín e Antonio Campolo. Além disso, conquista do torneio nacional deste ano acabou com a supremacia do Nacional que vinha de um tri-campeonato. Outro time das primeiras épocas também lembrado é o do primeiro título uruguayo da era profissional, em 1932, que tinha as presenças de Pedro “El Tigre” Young, Luis “El Grande” Matozzo, Ernesto Mascheroni, Obdulio Varela (El Negro Jefe) e Álvaro Gestido.
Em 1949, o clube aurinegro forma um de seus mais famosos quadros de todos os tempos. Era uma equipe tão forte que formaria a base do conjunto uruguayo que arrebataria a Copa Jules Rimet em 1950 diante de um Maracanã com 200.000 pessoas. Esse time, conhecido como “La Maquina del 49”, se compunha dos seguintes atletas: Rogue Máspoli, Enrique Hugo, Mirto Davoine (Sixto Posamai), Juan C.González, Obdulio Varela, Washington Ortuño, Alcides Ghiggia, Juan Eduardo Hohberg, Juan Schiaffino, Oscar Míguez e Ernesto Vidal.
O ano de 1958 ficou marcado pela posse daquele que seria o presidente mais laureado da história do Peñarol, aquele que levou o clube ao início de suas grandes conquistas internacionais.  Gastón Guelfi presidiu o Peñarol até 1973, quando morreu ainda no exercício do cargo. A partir de 58, o Peñarol foi pentacampeão uruguayo, no período que ficou conhecido como “Quinquenio de Oro” (1958, 1959, 1960, 1961 e 1962), e ganhou suas primeiras três copas Libertadores da América (1960, 1961 e 1966) e seus primeiros Mundiais Interclubes (1961 e 1962). Ainda sob a presidência de Guelfi, o Peñarol conquistou mais quatro campeonatos uruguayos (1964, 1965, 1967 e 1968). Desta época de ouro se destacam Luis Cubilla, Alberto Spencer, William Martinez, Alves da Silva, Walter Aguerre, Albert Hein, Roberto Garcia, Sacía, Néstor Gonçalves, Ladislao Mazurkiewicz, Pablo Forlán, Pedro Rocha, entre muitos outros guerreiros charruas vestidos de amarelo e preto, desbravando a América e o Mundo em confrontos com Real Madrid, de Di Stéfano e Benfica, de Eusébio.
Durante os anos 1970, um grito ecoou por muitas canchas uruguayas: Nando! Eles destinavam-se a celebrar os gols do maior goleador da história do futebol uruguayo: Fernando “El Potro” Morena, o artilheiro infalível, autor de 235 gols no campeonato uruguayo. Em 1978, Morena se tornou o jogador com mais gols marcados em uma partida, quando fez sete contra o Huracán. Foi o goleador do campeonato por sete vezes, seis delas consecutivas (1973, 1974, 1975, 1976, 1977 e 1978). El Potro ingressou no Peñarol em 1973, vindo do River Plate, saindo em 1978, para o Rayo Vallecano (Espanha). Foi sete vezes campeão uruguayo.
Na volta de Fernando Morena para o clube, em 1982, o Peñarol conquista a sua quarta Copa Libertadores da América, justamente com um gol seu contra o Cobreloa (Chile), no último minuto da decisão. No final do mesmo ano, o Peñarol voltou a ser campeão mundial, vencendo o Aston Villa (Inglaterra), por 2 a 0, com gols do brasileiro Jair e Walkir Silva.
Peñarol libertou a América pela última vez em 1987
A quinta e última vez que este clube de 120 anos pintou a América de amarelo e preto foi em 1987, quando enfrentou o América de Cáli (Colômbia), na final do torneio. Foram necessárias três partidas finais para definir o campeão, e na terceira, disputada em Santiago, no Chile, o Peñarol venceu por 1 a 0, com gol nos acréscimos, marcado por Diego “La Fiera” Aguirre, até hoje endeusado como um dos maiores homens da história do clube.
O último grande time campeão do Peñarol foi montado nos anos 90. Ansioso por honrar o centenário da sua fundação, o Peñarol formou uma forte equipe que, dona do genuíno estilo uruguayo, lançou-o na senda do segundo pentacampeonato uruguayo da sua história, nos anos de 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997. Os principais pilares deste time cinco vezes campeão nacional foram os treinadores Gregorio Pérez, primeiro, e Jorge Fossati, depois. Pérez iniciou seu trabalho com um objetivo claro: recuperar a mística carbonera! Assim foi, com um fantástico onze, onde se destacaram Nelson Gutierrez, um produto da base mirasol, Pato Aguilera, Carlos De Lima, o lutador De los Santos, El Chueco Perdomo e o último grande símbolo aurinegro, Pablo Bengoechea, conhecido como “El Professor”, presente nos cinco títulos. Bengoechea fez 188 jogos e marcou 48 golos, sendo sempre um cavalheiro dos campos. A imagem perfeita do centenário espírito do Peñarol, preparado para mais 100 anos de intensa paixão futebolística.

Dos anos 2000 até aqui: vacas magras, mas com dias contados
Após o segundo qüinqüênio, na década de 90, o Peñarol entrou nos anos 2000 sem a mesma atitude, demorando a se adaptar a nova realidade do futebol uruguayo e do próprio futebol, com a raça e o espírito guerreiro dando lugar ao marketing, aos jogadores moicanos dribladores e o caráter econômico-empresarial dos grandes clubes da atualidade. A paixão e alma carbonera continuam intactas, porém o mundo ao seu redor evoluiu demais para o estilo romântico do futebol aurinegro. Tentando se adaptar, os títulos do Peñarol escassearam, fato que ocorreu igualmente com os ídolos. Dos anos 2000 se destacam apenas Antonio Pacheco, Diego Alonso e Darío Rodríguez, e os últimos títulos do Campeonato Uruguayo ocorreram em 2003 e na temporada 2009/2010, excluindo aí os Torneos Aperturas e Clausuras conquistados.
Quando colocamos na conta o fato de no mesmo período o maior rival ter conquistado seis campeonatos uruguayos, o drama fica ainda maior. Porém, o panorama atual, de investimento na base e uma melhor organização da estrutura do clube, trazem esperanças à apaixonada torcida carbonera. O recente vice-campeonato da América, em 2011, serviu para inflamar os torcedores, que agora vão em busca do título do nacional para voltar bem à Copa Libertadores da América, a obsessão do gigante clube uruguayo.

Principais títulos
3 Mundiais Interclubes (1961, 1966 e 1982)
5 Copas Libertadores da América (1960, 1961, 1966, 1982 e 1987)
37 Campeonatos Uruguayos (1932, 1935, 1936, 1937, 1938, 1944, 1945, 1949, 1951, 1953, 1954, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1973, 1974, 1975, 1978, 1979, 1981, 1982, 1985, 1986, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003 e 2009/2010)

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