6 de outubro de 2011

Papales em festa: 91 anos do Bella Vista


Embora a situação da tabela de classificação do Torneo Apertura 2011 seja a pior possível, a última terça-feira (4) foi um dia de festa para a torcida do Bella Vista. Sim, apesar de segurar a lanterna do Campeonato Uruguayo 2011/2012, os papales tinham motivo para sair as ruas com seus mantos sagrados e com largos sorrisos nos rostos: o Club Atlético Bella Vista completou 91 anos de história neste dia 4 de outubro.
Para comemorar a data, a diretoria do clube organiza uma grande festa para o próximo sábado (8), na sede social do Bella Vista, onde os torcedores se encontrarão para um jantar para relembrar os bons tempos, as grandes histórias e compartilharem seu amor pelo clube auribranco. O destaque deste jantar será a entrega de medalhas para os torcedores que completam neste ano 25 anos e 50 anos de sócios do clube.
No ano passado, quando o clube completou 90 anos, o marketing do Bella Vista preparou um vídeo onde relembra os bons momentos e homenageia a sua quase centenária história. Para que o amante pelo futebol uruguayo conheça a paixão da torcida papal, o vídeo está disponível abaixo:
 
E para que o leitor conheça quem é o Bella Vista, o Futebol de Uruguay conta a história de sua fundação e os detalhes de todos estes 91 anos de amor em amarelo e branco.

Fundação
O Club Atlético Bella Vista foi fundado em 4 de outubro de 1920, quando uma assembléia foi convocada por Ramón Salgado, Vicente Zibechi e Félix Nario, entusiastas do futebol, para criar um novo clube em Montevidéo. O nome surgiu da Estación Bella Vista, onde os fundadores se encontravam, e a primeira diretoria foi formada por 12 pessoas, sendo Ramón Salgado o presidente, Zebechi o vice, Félix Nario como secretário e Manuel Millan como tesoureiro.
As cores escolhidas para representarem o clube foram o amarelo e o branco, porém até hoje não se tem certeza sobre o motivo para tal escolha. Existem duas teorias possíveis, sendo a mais provável a de que as cores foram tiradas da bandeira de Santa Sede, homenageando assim a sociedade dos Salesianos, em especial ao Padre Guerra, quem doou o primeiro campo da equipe recém-nascida. Esta teoria é reforçada pelo fato de o uniforme do Bella Vista ser de acordo com a bandeira do Vaticano, divido ao meio pelas duas cores, o que demonstra o envolvimento do clube com a religião. Também é deste fato que vem o apelido papal ao time e ao seu torcedor. A outra teoria fala que os fundadores escolheram as cores para homenagear aos dois maiores clubes do Uruguay, Nacional e Peñarol.
A primeira partida do clube se deu contra o também uruguayo Racing, em 17 de abril de 1921, com vitória de 3 a 1 dos auriblancos. Neste mesmo ano, o Bella Vista disputou a Divisional Extra, conseguindo acesso para a Divisional Intermedia. No ano seguinte, aquele que viria a ser o maior jogador da história do clube estreou pelo Bella Vista: José Nasazzi Yarza vergou a camisa papal em 1922 e já neste ano levantou a primeira taça conquistada pelo clube, a Divisional Intermedia. Nasazzi ainda jogaria mais 10 anos pelo Bella Vista, tendo alcançado prestigio mundial ao ser bicampeão olímpico (1924 e 1928) e campeão mundial (1930) pela sua amada Celeste. Com o título de 1922, o Bella Vista estreou na Primeira Divisão do futebol uruguayo em 1923.

O Parque José Nasazzi
O Bella Vista manda seus jogos no Estádio Parque José Nasazzi, com capacidade de 8 mil lugares. O estádio fundado em 1929 fica em Montevidéo, no bairro Prado, onde o clube nasceu. Quando foi fundado o estádio se chamava Parque Olivos, porém em 1931, recebeu o nome atual, em homenagem ao maior jogador da história do clube e um dos maiores do Uruguay, capitão nas três primeiras conquistas mundiais. Além de homenageá-lo com o nome do estádio, o hino do clube também contém uma homenagem, chamando pelo apelido de Nasazzi. Durante os jogos, a torcida papal canta "dale Papal, dale Papal, como quería el Mariscal".
Uma curiosidade do Parque José Nasazzi é o fato do estádio ser separado por poucos metros dos estádios de clubes grandes da capital uruguaya. O Parque Saroldi, do River Plate, o Parque Viera, do Wanderers e a casa do Bella Vista ficam no mesmo bairro do Prado.

Sem rival
Na verdade, o Bella Vista não tem nenhuma grande rivalidade registrada ao longo de sua história. A raiva dos torcedores papales é direcionada à Nacional e Peñarol, por também serem de Montevidéo, porém, pelo gigantesco tamanho da dupla, esta rivalidade não chega a ser algo grandioso ou digno de destaque. Nos últimos anos, após vencer a disputa pelo acesso à primeira divisão na temporada 2009/2010 contra o Miramar Misiones, as partidas entre os dois times ficou um pouco mais acirrada, pois o Miramar não esquece as derrotas nas duas emocionantes finais. Mesmo assim, o Bella Vista continua sem ter um grande rival em sua história.

Grandes histórias, nem tão grandes conquistas
Os primeiros dez anos do clube foram marcados pelas atuações de Nasazzi, Canavessi, Melogno, Andrade e Dorado, que levaram o nome do clube para competições mundiais, onde estiveram representando a Celeste. Também nesta década o Bella Vista conquistou seus primeiros títulos, a conquista da Divisional Extra (1921) e a Divisional Intermedia (1922). Já os anos 30 não trouxeram nenhuma honraria ao clube, a não ser pela excursão por toda a América, realizada em 1931.
A década de 40 começou mal, com o rebaixamento à segundona em 1941, mas terminou bem, com o primeiro título da Segunda Divisão profissional uruguaya, em 1949. A felicidade durou muito pouco, pois em 1950 a equipe voltou a ser rebaixado, em um fato muito curioso da história do clube: após três empates nas partidas decisivas, Bella Vista e Wanderers decidiram em sorteio quem disputaria a segundona. Pior para os papales! Ainda na década de 50, o clube foi novamente rebaixado, desta vez para a Terceira Divisão, em 1957, de onde saiu em 1960. Em 1968, na primeira vez que dois clubes pequenos decidem uma final no Estádio Centenário, o Bella Vista vence o Huracán Buceo por 2 a 0 e volta à Primeira Divisão. Assim como ocorreria por mais uma série de vezes, o Bella Vista foi rebaixado em seguida, tendo voltado a Primeira Divisão nos anos 1976, 1997 e 2005, anos em que levantou o título da Segunda Divisão.
A pequena notoriedade internacional do Bella Vista se iniciou em 1981, quando a equipe disputou pela primeira vez a Copa Libertadores da América. Em um grupo com Peñarol, Estudiantes de Mérida (VEN) e Portuguesa de Acarigua (VEN), o Bella Vista foi eliminado logo na primeira fase. Em 1985, o clube volta à Libertadores da América, onde é eliminado na primeira fase novamente. O Bella Vista voltaria a ser eliminado na primeira fase da principal competição da América em 1991, 1994 e em 2000. A melhor participação do clube ocorreu em 1999, quando se classificou para as oitavas de final em um grupo com Nacional, Estudiantes de Mérida (VEN) e Monterrey (MÉX). Na fase seguinte, desclassificou a Universidad Católica (CHI) e nas quartas de final foi eliminado pelo Deportivo Cali (Colômbia). Em 2011, o clube fez sua estréia na Copa Sulamericana, sendo desclassificado pela Universidad Católica (CHI), ainda na primeira fase.
O grande título da história papal foi em 1990, a conquista da Primeira Divisão do Campeonato Uruguayo, até hoje comemorada por seus torcedores. Neste ano, a equipe treinada por Manuel Keosseian e capitaneada por Henry Ariel López Báez conquistou 39 pontos, deixando o vice-campeão Nacional à sete pontos de distância. Na partida final, o Bella Vista levantou a taça no Parque José Nasazzi após empatar em 1 a 1 com o Cerro. A conquista do maior título da história do Bella Vista inflamou a torcida papal, que tomou conta do gramado do antigo estádio ao final da partida.
O gol da maior conquista do Bella Vista você confere abaixo:

Principais títulos
1 Campeonato Uruguayo (1990)
5 Campeonatos Uruguayos da Segunda Divisão (1949, 1968, 1976, 1997 e 2005)
2 Campeonatos Uruguayos da Terceira Divisão (1922 e 1959)

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